Drogas avançam e causam alerta em moradores de Cascavel

Cidade registra crescimento nas apreensões e vê impactos diretos nos bairros e na juventude

Enquanto iniciativas de solidariedade aquecem o inverno de quem mais precisa, um outro cenário, bem menos acolhedor, preocupa a população de Cascavel, no Oeste do Paraná. A presença e o consumo de drogas têm crescido na cidade, despertando atenção das autoridades e deixando moradores em alerta.

Nas últimas semanas, reportagens exibidas em rede nacional revelaram o avanço do tráfico na região. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, o número de apreensões de entorpecentes em Cascavel aumentou significativamente no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. Somente entre janeiro e maio, foram mais de 8 toneladas de drogas apreendidas, com destaque para maconha e cocaína.

Além das rodovias que cortam o município, usadas frequentemente como rota do tráfico, os bairros também têm sentido os efeitos da criminalidade. Moradores relatam o aumento da violência e o aliciamento de jovens pelo crime organizado. “A gente vê crianças de 12, 13 anos envolvidas com o tráfico. Isso machuca, porque sabemos que muitas vezes é por falta de oportunidade”, desabafa (dona Sílvia), moradora do bairro Interlagos.

A Polícia Civil e a Polícia Militar intensificaram as operações nos últimos meses. Segundo a delegada-chefe da 15ª SDP, as ações têm focado em desarticular pontos de venda e coibir o transporte interestadual de drogas. No entanto, ela reconhece que apenas a repressão não basta. “É preciso investir em educação, assistência social e oportunidades para os jovens. Sem isso, estaremos enxugando gelo.”

Organizações sociais também têm se mobilizado para oferecer alternativas. Projetos como o “Transforma Jovem” promovem oficinas de capacitação e acolhimento para adolescentes em situação de risco. “A prevenção é a nossa arma mais potente”, afirma um dos coordenadores do projeto.

A questão das drogas em Cascavel envolve muitos fatores, sociais, econômicos e geográficos. Combater esse problema exige esforço conjunto entre poder público, sociedade civil e a própria comunidade. Afinal, enquanto muitos lutam por um inverno mais quente, outros enfrentam o frio de um cotidiano marcado pelo medo e pela vulnerabilidade. (Giulia Beatrizs).