DISCURSO NO SENADO DO SENADOR JORGE SEIF DE SANTA CATARINA CAUSA REVOLTA EM PROFESSORES

Durante um discurso no Senado, o senador Jorge Seif, de Santa Catarina, atacou a deputada estadual Ana Campagnolo e disse:
“Agora vem uma deputada estadual que não era nada até ontem, era uma professora.”
Essa frase atravessa qualquer pessoa que já entrou numa sala de aula com o coração cheio de propósito.
Chama de “nada” justamente quem sustenta a base de tudo.
Revela o que muitos pensam, mas poucos têm coragem de dizer em voz alta: que educar vale pouco, que o magistério é um degrau baixo, que professor é alguém que só virou “alguém” quando saiu da escola.
O parlamento tem bancadas de todos os tipos.
Do agro.
Dos médicos.
Dos empresários.
Dos religiosos.
Cada grupo elege os seus e protege seus interesses.
E nós, professores?
Nós quase nunca votamos em professores.
Quando um colega se lança candidato, parte da própria categoria se apressa em duvidar, em criticar, em diminuir.
Talvez seja por isso que o magistério ainda apanha tanto.
Porque enquanto outras classes se unem, nós nos dividimos.
Enquanto outras constroem poder, nós pedimos desculpas por querer voz.
E então vem um senador e diz que uma professora não era nada.
E a frase encontra eco, porque a sociedade aprendeu a ver o professor como invisível.
Mas quem forma médicos, advogados, engenheiros, artistas e até senadores não é nada?
Quem ensina a ler o mundo não pode ser chamado de nada.
Ser professora é ser origem, raiz, começo.
É ser o chão que sustenta o saber e o teto que protege a esperança.
E se o mundo insiste em não enxergar isso, é ele que está cego.