Vacina contra cocaína criada por brasileiros também promete eliminar vício em crack

Estima-se que 18 milhões de pessoas são dependentes de cocaína no mundo, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2018, do

Estima-se que 18 milhões de pessoas são dependentes de cocaína no mundo, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2018, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Para auxiliar no tratamento desses usuários, pesquisadores da UFMG desenvolvem uma vacina contra cocaína. O medicamento ainda se encontra em fase de teste, mas a expectativa é que os estudos clínicos iniciem no primeiro semestre de 2020. Mas antes de chegar à população, outras etapas também precisam ser analisadas, como a produção em larga escala do medicamento.

A vacina que vem sendo desenvolvida desde 2013 por pesquisadores do Departamento de Química, da Escola de Farmácia e da Faculdade de Medicina da UFMG, já teve patente depositada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da Universidade. Além de tratar usuários de drogas, ao inibir os efeitos da cocaína e do crack no cérebro de usuários, os pesquisadores visam outras aplicações do medicamento. Uma delas é para que fetos de gravidas usuárias não sofram os efeitos da cocaína no cérebro. No entanto, é necessário avaliar se o medicamento também vai responder a esse objetivo.

Pesquisadores esperam liberação da Anvisa para realizar testes em humanos

Como funciona?

Para impedir que o cérebro sofra efeitos da droga, a vacina induz a produção de anticorpos no organismo. “Ao injetar o medicamento, nós acreditamos que o organismo vai produzir os anticorpos. Então, toda vez que o usuário tiver uma recaída os anticorpos se ligam as moléculas de cocaína e impedem a entrada delas no cérebro”, explica o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade à Saúde (Naves).

Testes

Atualmente, já foram realizados diversos testes para analisar a eficácia do medicamento. Além de se mostrar segura em animais, a vacina também é eficaz na produção de anticorpos. “Agora estamos em uma fase de conseguir responder à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quase 150 quesitos para realizar testes em humanos”, pontua o professor Frederico Garcia. “Esses testes são necessários para ter certeza de que a medicação não trará riscos para quem for tomá-la”, completa.

No pior dos cenários, caso a molécula utilizada na vacina não seja eficiente no cérebro de humanos, ainda assim o professor garante outras estratégias para que o medicamento funcione. “Nós já temos outras moléculas em teste caso essa não funcione”, afirma.

Próximos passos

Além de aguardar a aprovação da Anvisa para a realização de testes em humanos, ainda é necessário avançar na produção do medicamento, antes que a vacina chegue à população. “Apesar de termos avançado muito no processo, é preciso atentar também à produção em escala suficiente para todos que precisam e dar acesso a essas pessoas”, afirma o professor Frederico Garcia. Segundo ele, se os estudos clínicos em humanos forem bem sucedidos, a vacina contra cocaína estará disponível nos próximos anos.

 

Fonte: Giovana Maldini (UFMG)