Ratinho Junior recebe Santiago Peña para debater novas oportunidades entre Paraná e Paraguai

Governador e presidente se encontraram no Palácio Iguaçu nesta terça-feira (09) para aprofundar as relações comerciais entre o Estado e

Governador e presidente se encontraram no Palácio Iguaçu nesta terça-feira (09) para aprofundar as relações comerciais entre o Estado e o país vizinho. Empresários e entidades de vários setores acompanharam o encontro.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior recebeu nesta terça-feira (09), no Palácio Iguaçu, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, para discutir as oportunidades de parcerias e investimentos, além do aprofundamento das relações comerciais entre o Paraná e o país vizinho. Empresários e entidades de vários setores acompanharam o encontro, que finalizou uma agenda bilateral de dois dias.

Ratinho Junior destacou a forte relação entre o Paraná e o Paraguai, resultado da proximidade, mas, também, da cultura e condições geográficas muito parecidas. “Tivemos a oportunidade de reunir diversos setores empresariais do Estado, com alguns deles já atuando no Paraguai, e outros interessados em expandir seus negócios para atender a América do Sul a partir do país vizinho. O Paraná é o vizinho mais próximo do Paraguai, junto com o Mato Grosso do Sul, e mantém uma relação diária de negócios”, afirmou o governador.

“O Paraguai é o país que mais cresce na América do Sul há bastante tempo, e isso tem feito com que muitos negócios entre paranaenses e paraguaios aconteçam, gerando emprego para ambos os lados. No ano passado, foram mais de US$ 1,4 bilhão em comércio bilateral e, só no primeiro semestre deste ano, foram quase US$ 1 bilhão em negociações. Essa parceria fortalece o setor produtivo dos dois países, gerando emprego e desenvolvimento para a nossa população”, acrescentou Ratinho Junior.

O governador esteve em Ciudad del Este, na fronteira entre os dois países, nesta segunda-feira (08) para participar da Expo Paraguai Brasil, feira multisetorial que promove oportunidades de conexões entre empresários da região para a concretização de negócios entre os países e para oferecer acesso a informações sobre tendências do mercado regional. “Durante a feira, uma empresa instalada no Paraguai anunciou que também fará investimentos no Paraná, o que demonstra a força dessa relação comercial entre os dois países”, disse Ratinho Junior.

Santiago Peña lembrou que o Brasil é o maior parceiro comercial do Paraguai. “Nossa relação é de longa data e vai além da economia: é também política e cultural. Temos o maior empreendimento binacional, que é Itaipu e, além disso, há quase meio milhão de brasileiros vivendo no Paraguai, muitos deles vindos do Paraná. Essa integração cultural reforça ainda mais a parceria entre nossos povos”, salientou o presidente.

“Ainda temos muito a avançar juntos. O Paraguai vem melhorando constantemente o ambiente de negócios, atraindo investimentos internacionais e oferecendo condições competitivas. Queremos fortalecer nossa complementaridade com o Brasil e, especialmente, com o Paraná. Nossa presença aqui, com ministros e governadores, reforça o interesse regional em estreitar ainda mais esses laços de amizade e cooperação”, salientou o presidente.

Peña também destacou setores que podem ser alvo de uma parceria entre o país e o Estado do Paraná. “As oportunidades são muitas. Agricultura e agroindústria são setores estratégicos, já que compartilhamos a mesma região geográfica e o Paraná tem experiência consolidada em cooperativismo, modelo que também existe no Paraguai, mas em menor escala”, lembrou.

“Outro setor é a energia. O Paraguai tem um grande excedente de energia elétrica, mais barata, e isso pode atrair empresas do Paraná para se instalarem lá. Também podemos avançar em inovação, educação pública e logística, principalmente com a utilização do Porto de Paranaguá e a abertura da nova ponte entre Presidente Franco e Foz do Iguaçu, que trará novas oportunidades de negócios”, complementou.

Ratinho Junior e Santiago Peña também visitaram nesta segunda-feira o lado paraguaio das obras que envolvem a Ponte da Integração Brasil – Paraguai, a segunda que liga o país vizinho à Foz do Iguaçu. “Nossa intenção é entregar em dezembro a chave da obra ao governo federal, responsável pela gestão alfandegária e de segurança. A ponte vai melhorar o fluxo de turistas, dar mais conforto e segurança e criar um novo corredor logístico para caminhões, desafogando a Ponte da Amizade, que já opera em seu limite”, explicou o governador.

POTENCIAIS – Ratinho Junior apresentou às autoridades paraguaias um panorama do Paraná, que alcançou o posto de quarta maior economia do País, com uma Produto Interno Bruto (PIB) que deve alcançar R$ 800 bilhões até 2026 e que mantém ritmo acelerado de crescimento, com mais de R$ 330 bilhões de investimentos da iniciativa privado no Estado nos últimos seis anos e meio.

“Temos muito a fazer juntos e já estamos ampliando a nossa cooperação. A Região Sul e Centro-Oeste do Brasil, mais o Paraguai, Argentina e Uruguai, são grandes produtores de alimentos. Por isso, nós temos que ser a ‘OPEP do alimento’”, defendeu Ratinho Junior. “Temos reservas de petróleo para mais de 200 anos, e o mundo está mudando sua matriz energética, mas a segurança alimentar é uma preocupação global. Nós temos condição de liderar a produção de alimentos no mundo, basta nos organizarmos.”

O presidente paraguaio apresentou o perfil do país e os objetivos futuros. “Temos uma população jovem, abundância de recursos naturais e, mesmo com apenas 6,5 milhões de habitantes, produzimos alimentos para 100 milhões de pessoas. Nossa fronteira agrícola foi impulsionada pelo conhecimento de imigrantes brasileiros, especialmente vindos do Paraná e de Santa Catarina”, afirmou Peña.

“O desafio global das próximas décadas será alimentar quase 10 bilhões de pessoas. Só esta região tem capacidade de produzir excedentes em escala, sendo que no Paraguai 100% do território é fértil. E, mesmo sem saída para o mar, temos rios navegáveis que conectam nossa produção ao oceano”, disse.

“Convido os empresários do Paraná a descobrirem o Paraguai. Somos um país amigável ao capital privado, com uma filosofia de valorização da liberdade para trabalhar, inovar e empreender”, finalizou o presidente, que apresentou o crescimento paraguaio nos últimos anos: PIB de US$ 44,9 bilhões em 2024 e crescimento estimado em 2025 de 4,5%.

RELAÇÃO BILATERAL – O Paraguai é o quinto maior parceiro comercial do Paraná. De acordo com o Ipardes, com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em 2024 o Paraná exportou ao Paraguai US$ 632 milhões, com destaque para o envio de adubos e fertilizantes (17,7%), papel (8,7%) e produtos químicos diversos (6,7%). Já as importações paranaenses do país vizinho foram de US$ 839 milhões, em especial de soja (34,9%), cereais (33,2%) e fios, cabos e condutores para uso elétrico (5,8%).

Já de janeiro a agosto deste ano, os bons números do comércio bilateral se mantêm. O Paraná exportou US$ 425 milhões ao Paraguai, com a balança levemente melhor para o país vizinho, que vendeu ao Estado US$ 548 milhões.

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, celebrou o encontro entre os gestores públicos. “Nós vemos com muita expectativa essa aproximação do Governo do Paraná com o Paraguai. Isso já é histórico e com muito sucesso e há grandes projetos que podem ser realizados em conjunto. Não temos uma hidrovia que flui no sentido Foz–Paranaguá, como eles têm com a Bacia do Prata, mas podemos ter uma extraordinária ferrovia, em dois sentidos, que solucionasse essa dificuldade”, complementou Ricken.

PRESENÇAS – Participaram do encontro o vice-governador Darci Piana; os secretários estaduais Cleber Mata (Comunicação), Guto Silva (Cidades) e Norberto Ortigara (Fazenda); o chefe da Casa Militar, coronel Marcos Tordoro; os diretores-presidentes da Invest Paraná, Eduardo Bekin, da Amep, Gilson Santos, da Sanepar, Wilson Bley, e do Ipardes, Jorge Callado; o presidente da Copel, Daniel Slaviero; o superintendente de Relações Institucionais, Renato Adur; o cônsul do Paraguai, Celso Santiago Riquelme Mendieta; a cônsul-geral do Paraguai em Curitiba, Maria Amarilla; a chefe do Escritório de Representação no Paraná (Erepar) do Ministério das Relações Exteriores, Lígia Scherer, e o secretário Paulo Machado. Pelo governo paraguaio, integraram a comitiva os ministros Javier Gimenez (Indústria e Comércio) e Claudia Centurión (Obras Públicas e Comunicação), além de quatro governadores: Nelson Martinez (Canindeyu), Juan Acosta (Amambay), César Landy Torres (Alto Paraná) e Freddy D’Ecclessis (San Pedro).

(AEND).