Câmeras com IA igual a Nova York: entenda como funciona a nova fase do Olho Vivo

O Olho Vivo fará o cruzamento de dados, imagens e inteligência artificial (IA) em tempo real para auxiliar as forças

O Olho Vivo fará o cruzamento de dados, imagens e inteligência artificial (IA) em tempo real para auxiliar as forças de segurança no reconhecimento de criminosos e suspeitos procurados, localização de pessoas desaparecidas e identificação de veículos furtados ou roubados.

O Governo do Paraná lançou nesta quarta-feira (10) a segunda fase do Programa Olho Vivo, voltado à segurança pública por meio de câmeras espalhadas pelo Estado. Nesta nova etapa, 21,5 mil equipamentos inteligentes vão se somar a outras 5 mil câmeras já instaladas, auxiliando as forças de segurança na resolução de crimes e no policiamento ostensivo. O investimento previsto é de R$ 400 milhões para formar o mais avançado sistema de monitoramento do País.

Confira abaixo as respostas às principais dúvidas sobre o Programa Olho Vivo:

O que é o programa Olho Vivo?

O Programa Olho Vivo é uma iniciativa criada pelo Governo do Paraná em 2022 que utiliza câmeras de monitoramento espalhadas pelo Estado para auxiliar as forças de segurança pública no combate à criminalidade e na resolução de crimes. Conta com uma rede de equipamentos integrados em centrais de monitoramento, com cerca de cinco mil câmeras utilizadas por meio de convênios estaduais, federais e municipais.

Em que situações o Programa Olho Vivo pode ser utilizado?

O Olho Vivo fará o cruzamento de dados, imagens e inteligência artificial (IA) em tempo real para auxiliar as forças de segurança no reconhecimento de criminosos e suspeitos procurados, localização de pessoas desaparecidas e identificação de veículos furtados ou roubados.

Também contará com emissão automática de alertas às forças policiais e apoio direto às investigações da Polícia Civil. Em novas fases, o objetivo é ampliar o escopo para monitoramento de agressores de mulheres e pessoas com tornozeleira eletrônica.

Exemplos de uso: será possível pesquisar “modelo X branco na região Y” ou “veículo com carretinha” em uma área que conta com os equipamentos inteligentes, e o sistema trará imagens/informações que batam com a pesquisa.

Se uma vítima relatar “um carro com para-choque amassado ou uma moto com adesivo na lateral”, o sistema é capaz de localizar nas câmeras os registros de motocicletas no horário do fato, cruzar padrões visuais compatíveis, identificar trajetórias prováveis e apontar possíveis rotas de fuga. Dessa forma, a plataforma transforma dados comuns em ação imediata, reduzindo significativamente o tempo entre o crime e a resposta policial.

Veículos com registro de furto ou roubo que passarem pelas câmeras terão um alerta emitido pelo sistema. A cada equipamento que ele passar ficará registrada data, hora e rota, contribuindo para que as forças de segurança possam atuar para recuperá-lo. A tecnologia pode ser aplicada para diversos tipos de veículos: carros, motos, caminhões, ônibus e bicicletas.

Pesquisas semelhantes para identificar suspeitos, como cor da roupa, também poderão ser feitas. No caso de pessoas desaparecidas, a descrição física da pessoa e a busca em locais próximos onde houve o desaparecimento vão ajudar a Polícia Civil na resolução desse tipo de crime. No futuro, será possível o reconhecimento facial de procurados e desaparecidos, gerando alertas para as forças de segurança.

Quais ganhos ele traz para a segurança pública do Paraná?

A principal diferença entre a primeira e a segunda fase do Olho Vivo é a ampliação do uso de inteligência artificial para uma etapa de “investigação assistida”, em que as câmeras deixam de depender apenas da observação humana e passam a contar com ferramentas de análise automática.

Esses modelos funcionam por meio da tecnologia de aprendizado de máquina e redes neurais, permitindo que a plataforma analise as imagens de forma ampla, compreendendo seu contexto, elementos e ações capturadas por câmeras inteligentes.

A plataforma utiliza modelos avançados de visão computacional e inteligência artificial que tornam qualquer imagem “buscável”, permitindo que a polícia investigue crimes com muito mais profundidade: antes, durante e depois da ocorrência. Ferramentas como busca semântica transformam qualquer palavra, descrição ou fato em uma consulta direta às câmeras, ampliando a capacidade investigativa, dando à polícia novas capacidades de localizar veículos e responder com velocidade às ocorrências e chamadas do 190.

Quantas câmeras serão instaladas?

Nesta segunda fase, o Olho Vivo ampliará o número de câmeras espalhadas pelo Estado. As primeiras 1,5 mil já estão sendo instaladas. Outros 20 mil equipamentos serão adquiridos pelos municípios com apoio do Estado, somando-se a 5 mil câmeras já em operação da primeira fase do Olho Vivo. No total, o programa contará com 26,5 mil câmeras.

Como será a adesão do município ao programa?

O programa funcionará de forma conjunta entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), a Secretaria de Estado das Cidades (Secid) e a Superintendência-Geral de Governança de Serviços e Dados (SGSD). Os municípios que aderirem ao programa receberão recursos do Estado para compra dos equipamentos, seguindo especificações técnicas.

Ele funcionará da seguinte forma:

– Os municípios devem manifestar interesse no programa, via ofício para a Sesp, que após análise, definirá o volume de câmeras para o município, seguindo critérios técnicos;

– Prefeitura e Secid devem elaborar e posteriormente aprovar o projeto de instalação dos equipamentos;

– Prefeitura e Secid assinam o termo de adesão e publicam no Diário Oficial;

– Prefeituras devem efetuar a aquisição dos equipamentos;

– Configuração, integração e testes dos equipamentos pela prefeitura e Paranacidade;

– Sesp, via Comando-Geral da Polícia Militar, dará início à operação.

Como será a participação dos municípios nesse processo?

Os municípios que aderirem ao Olho Vivo vão receber recursos do Estado para a compra dos equipamentos, que será feita por meio de licitação e/ou adesão a ata já existente. A gestão municipal também fará, em conjunto com o Estado, o mapeamento dos locais que terão as câmeras instaladas; a instalação, configuração e validação do projeto.

Qual o valor do investimento do Governo do Paraná para essa nova fase?

O Governo do Paraná investirá, no total, R$ 400 milhões em repasses para os municípios adquirirem os equipamentos. O recurso será a fundo perdido, sem necessidade de devolução por parte das gestões municipais.

Em quais cidades o programa vai ser iniciado? Por que esses municípios?

Neste primeiro momento, 22 cidades estão aptas a receberem as câmeras, em um total de 1,5 mil equipamentos. Os municípios que poderão receber os equipamentos nesta primeira fase são: Curitiba, Araucária, Fazenda Rio Grande, Piraquara, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Pinhais, Colombo, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaratuba, Morretes, Matinhos, São José dos Pinhais, Guarapuava, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Umuarama e Guaíra. Juntas, elas somam uma população de 5,8 milhões de habitantes, cerca de 50% do Estado.

A expectativa é que a instalação dos primeiros equipamentos seja finalizada nos primeiros meses de 2026, com prioridade para grandes cidades (devido ao grande fluxo de pessoas no fim do ano) e Litoral (que deve receber milhares de pessoas durante a temporada de verão).

Além do volume de moradores, a escolha por esses municípios se deu de maneira estratégica, abrangendo diversas regiões do Estado. São cidades que deverão ter grande movimentação de pessoas entre o final de 2025 e início de 2026. Além disso, no caso dos municípios em região de fronteira o objetivo é coibir práticas como contrabando e tráfico de drogas, auxiliando as forças policiais no combate a esse tipo de crime.

A nova fase do Olho Vivo já foi testada em algum município?

Sim. O Governo do Paraná realiza desde agosto deste ano uma fase de testes em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.

Quais os prazos para o programa entrar em vigor?

As primeiras 1,5 mil câmeras já estão sendo instaladas em 22 municípios do Estado. A previsão é de que esse processo seja concluído até o fim de janeiro de 2026. Entretanto, o Governo do Paraná está priorizando a instalação em regiões como Curitiba, Metropolitana e o Litoral do Estado, devido ao grande fluxo de pessoas no fim de ano e início da temporada de verão.

Nas demais cidades paranaenses, o andamento dos trabalhos se dará à medida que elas realizarem a adesão ao Programa Olho Vivo.

Qualquer pessoa poderá ser monitorada?

Não. O monitoramento de pessoas será restrito àquelas que tenham algum tipo de restrição, como mandado de prisão em aberto, e veículos com alerta de furto e roubo, por exemplo. A plataforma não tem capacidade de identificação de pessoas que não sejam procuradas ou tenham mandado criminal em aberto. O Olho Vivo segue a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) quanto à segurança e à privacidade das informações da população.

Quais outros lugares usam esse tipo de tecnologia?

O Olho Vivo será o mais avançado programa de monitoramento voltado à segurança pública no Brasil e um dos maiores do mundo. Ele é inspirado em iniciativas semelhantes realizadas em países como Reino Unido, Singapura e Estados Unidos.

No Reino Unido, por exemplo, são cerca de 18 mil câmeras com uma média de 90 milhões de leituras diárias. A título de comparação, o Paraná contará, quando estiver em plena operação, com 26,5 mil câmeras. Com reconhecimento facial, o sistema britânico alia escala, transparência e segurança jurídica, resultando em centenas de prisões registradas, com desempenho comprovado e auditável.

Já Singapura possui uma integração multimodal (face, íris, digitais e reconhecimento de placas de veículos). O diferencial é o uso de IA preditiva (análise estatística e aprendizado de máquina para analisar dados históricos) em tempo real, direcionando recursos de segurança com base em analytics de fluxo urbano. É caracterizado pela excelência técnica e disciplinaridade governamental.

O sistema utilizado em Nova York, nos Estados Unidos, conta com um sistema de une dados, reconhecimento de placas, sensores e bancos de ocorrências para reduzir o tempo de resposta, promovendo ainda uma integração direta com despacho tático. Os três modelos aliam alto desempenho técnico, governança documentada e aderência à LGPD.

Qualquer câmera poderá ser utilizada?

Não. A Superintendência-Geral de Governança de Serviços e Dados, em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, estabeleceu os requisitos mínimos para a compra das câmeras e demais equipamentos, como resolução de imagem, compatibilidade com IA, conectividade e segurança na transmissão de dados. Estas informações fazem parte do detalhamento do projeto.

Qualquer servidor/policial terá acesso aos dados do Olho Vivo?

Não. O sistema será operado por policiais capacitados para tal função, com logins próprios. Toda ação realizada no sistema, inclusive cada busca, fica vinculada ao CPF do agente, tornando tudo totalmente auditável, rastreável e sujeito a investigação interna em caso de abuso. Além disso, a própria tecnologia ajuda a prevenir desvios: modelos avançados de inteligência artificial monitoram padrões de uso e identificam imediatamente comportamentos atípicos.(AEDN).