As 24h de Diniz: técnico é abraçado pela torcida do Fluminense após vaias com Seleção no mesmo Maracanã

Treinador viveu o extremo dos dois lados de sua dupla-função no mesmo estádio: foi hostilizado nas Eliminatórias e recebeu carinho

Treinador viveu o extremo dos dois lados de sua dupla-função no mesmo estádio: foi hostilizado nas Eliminatórias e recebeu carinho no Brasileiro. Tudo isso de uma noite para outra.

Fernando Diniz viveu duas situações totalmente opostas no mesmo estádio em menos de 24 horas. Na terça-feira, após a derrota do Brasil por 1 a 0 para a Argentina, o comandante interino da Seleção foi vaiado por um Maracanã lotado.

Nesta quarta, o mesmo estádio decidiu ovacionar o técnico do Fluminense ainda antes de a bola rolar. Diniz foi o mais festejado quando o telão anunciou a escalação tricolor para o jogo com o São Paulo.

O técnico também foi bem festejado pelas arquibancadas do Maracanã depois da vitória por 1 a 0 no “jogo das faixas” diante da equipe paulista. É quase consenso que o Fluminense não teria chegado ao patamar que chegou em 2023 se não fosse pelo treinador que tem de conciliar – mesmo que interinamente – o tempo dele no clube e na seleção brasileira.

Mas se vive um momento de lua de mel com os tricolores, com os torcedores da seleção brasileira já não dá para dizer o mesmo. Diniz saiu do Maracanã em meio a sonoras vaias – possivelmente poupado apenas pelos tricolores que estavam no estádio. Mas não é algo que mine a confiança do campeão da Conmebol Libertadores.

— Com relação a isso, sofri a vida inteira como jogador para lidar com essas coisas. São situações muito diferentes. Minha relação com Fluminense sempre foi boa. Vivo um momento de apogeu, de glória pela conquista da Libertadores, título inédito para o clube. Só aumenta a conexão que tenho com a torcida. Com relação às vaias no jogo de ontem, eu entendo completamente. Sempre soube aceitar, estou no cargo e corresponde a algo que não tenho surpresa. Embora o time tenha jogado bem ontem (terça-feira) e merecido uma sorte melhor. É buscar melhorar tanto aqui quanto lá.

Fernando Diniz conheceu a ira da torcida brasileira no Maracanã. Depois da terceira derrota seguida da seleção e do quarto jogo sem vitórias nas Eliminatórias, o treinador foi xingado e recebeu vaias junto dos jogadores. Diniz procurou tratar com naturalidade os protestos da torcida. Só não concordou com os gritos de “olé”, nos minutos finais, a cada vez que a Argentina tocou na bola.

— A torcida está no direito de fazer o que quiser. A gente tem que entregar nosso melhor. O torcedor é passional e quer vencer. Então ele está no direito de vaiar. Acho que gritar “olé” para a Argentina é um pouco demais. Mas vaiar, ficar indócil porque o time não está ganhando é compreensível. Mas falar “olé” para a Argentina… Tanto que o pessoal que falou foi vaiado pelo restante do público. Quanto ao resto, o torcedor quer vencer e jogar bem. Quando isso não acontece, as vaias são um fato normal, e temos que saber conviver com isso.

Se tem pouco tempo de treino com a seleção brasileira, no Fluminense ele completará o 19º mês de trabalho no próximo dia 30 de novembro. Diniz normalmente destaca a sinergia entre time e torcida tricolor. Segundo ele, é como se os torcedores entendessem de forma especial a ideia de jogo que ele tem e o que os jogadores buscam fazer em campo.

Ainda falta para o torcedor brasileiro entender o mesmo que o do Flu. Normal, já que são tempos distintos e o “dinizismo” pregado pelo treinador apenas começa a ser implementado na Seleção sem nem ter certeza de que continuará no ano que vem.

Enquanto a certeza não chega, Fernando Diniz concentra tempo e esforço no Fluminense que disputa o Mundial de Clubes e ainda tem quatro rodadas do Campeonato Brasileiro antes de enfrentar o vencedor de Al Ahly (Egito) x Al-Ittihad (Arábia Saudita) ou Auckland City (Nova Zelândia). O próximo jogo do Flu é no sábado, quando recebe o Coritiba, às 21h (de Brasília), no Maracanã, pela 35ª rodada do Brasileirão.(GE).